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segunda-feira, 24 de maio de 2010

"Renascimento" comercial e urbano

por Fernanda Machado

A Idade Média (476 a 1453) costuma ser conhecida como a época em que a economia européia esteve praticamente estagnada. Essa afirmação é feita porque a maior parte da população vivia nos feudos, que eram grandes áreas cercadas e isoladas uma das outras, com uma economia quase auto-suficiente. Desse modo, costuma-se dizer que o comércio de produtos praticamente desapareceu no período medieval.

No entanto, devemos relativizar essa idéia. Durante a Idade Média continuaram a existir profissionais como os artesãos (ferreiros e construtores de máquinas, por exemplo), comerciantes e negociantes. As pessoas não deixaram de adquirir certos equipamentos fundamentais à prática da agricultura (como enxadas e arados), que eram, portanto, fabricados e comercializados. Ainda que essas atividades de comércio tenham sido bastante restritas, numa Europa separada por feudos e ameaçada por guerras entre os povos do continente, isso não significa que elas tenham desaparecido.

Pintura que retrata uma feira comercial medieval

O período de auge do feudalismo foi o que se costuma chamar de Alta Idade Média (séculos V a X). Mas, a partir do século X, as coisas começaram a mudar. Diversos fatores ajudam a explicar por que a agricultura deixara de ser a principal atividade econômica, abrindo espaço para o chamado Renascimento comercial, que, a partir do século XI, inaugurou definitivamente a Baixa Idade Média, que se estenderia até o século XV.

Assim, a Europa vivia em meados do século X uma relativa época de paz, já que os ataques de um reino a outro haviam diminuído bastante. Essa queda no número de conflitos foi responsável por um considerável aumento populacional: em 300 anos a população da Europa cresceu de 8 milhões para 26 milhões de habitantes. Isso gerou um excedente populacional, que começou a necessitar de mais espaço e a expandir-se para além dos feudos.

Anteriormente, havia a população de comerciantes, negociantes e artesãos que, devido à sua prática profissional itinerante, começaram a se fixar no entorno dos feudos, constituindo, assim, as vilas e burgos. Dessa forma, aqueles que moravam nessas localidades eram conhecidos como burgueses e, ao longo dos séculos, essa denominação passou a denominar os comerciantes e os homens ricos.

Com o aumento demográfico na Europa, a população dos burgos foi crescendo também. Isso se dava porque muitos servos acabavam por fugir dos feudos para escapar das imposições da relação servil. Ou ainda, porque aqueles servos que mais causavam problemas aos seus senhores eram expulsos de suas terras, indo engrossar a população das vilas. Assim, essas pequenas localidades começaram a crescer e se tornar importantes concentrações de trabalhadores livres e comerciantes, onde passaram a ser organizadas feiras permanentes, o que resultou no surgimento de inúmeras cidades.

Village Baux (França): vila que nasceu e se desenvolveu aos pés de um castelo medieval

Como anteriormente a maior parte da Europa era constituída por feudos, esse processo foi chamado de "Renascimento urbano", pois as cidades voltaram a se tornar importantes núcleos econômicos. Ao mesmo tempo, isso indicou também a decadência dos vínculos feudais, pois os moradores da cidade passaram a negociar com os senhores o fim do pagamento de tributos e serviços, através da compra da chamada carta de franquia.

O aumento da liberdade política e econômica foi propiciando o aprimoramento do trabalho urbano. Os artesãos, que faziam os produtos consumidos pelos europeus, passaram a ser organizar em entidades para além de suas cidades. Para isso, formaram as guildas e as corporações de ofícios, que eram associações de trabalhadores de determinados profissões. Por exemplo, uma corporação de sapateiros ditava as normas de fabricação de seus produtos e as formas de sua comercialização, a fim de proteger esses profissionais no mercado e propiciar seu lucro.

Imagem simbolizando artesãos medievais realizando seu trabalho

Ainda que tenha favorecido principalmente o comércio, essa expansão espacial pelo continente europeu foi estimulada até pelos nobres feudais. Os donos dos feudos viam seus campos serem esgotados pela exploração contínua e tinham interesse em expandir suas riquezas territoriais. Assim, incentivavam a ocupação de outras áreas por seus servos, que através de outras formas de cultivo (como a utilização rotativa do solo) e do uso de um tipo de arado mais resistente, conseguiram expandir também a produção agrícola, num processo chamado de "Renascimento agrícola".

"Renascimento agrícola": melhorias no campo

Houve, por sua vez, um outro fator que caminhou paralelamente a esse novo comércio europeu e foi, ao mesmo tempo, o que contribui para que ele se expandisse mais: as Cruzadas. A Igreja católica, aproveitando-se da legião de homens desocupados nos centros urbanos, começou a realizar expedições para além dos limites continentais, dando um outro sentido para a economia medieval.

Cruzadas: conflito além dos motivos religiosos

Com a justificativa de conquistar povos para a fé cristã e ao mesmo tempo reconquistar territórios de outros povos, nasceram as Cruzadas, expedições militares e religiosas que foram praticadas durante quase 200 anos, entre os séculos XI e XIII. Foram realizadas oito dessas expedições nesse período, que atravessaram o continente europeu, cruzaram mares e chegaram a outros continentes. Isso fez com as rotas comerciais acompanhassem esse traçado aberto pela cruz e pela espada.

Artigo retirado de:
http://educacao.uol.com.br/historia/ult1690u19.jhtm

Simón Bolívar - O Bolívar simbólico

por Gilberto Maringoni

O presidente venezuelano Hugo Chávez não se cansa de repetir: o ideário que move seu governo é o legado político e histórico de Simón Bolívar (1783-1830). O próprio nome do país foi alterado há alguns anos para República Bolivariana da Venezuela.

Chávez não é o único a reivindicar o personagem. O nome de Bolívar foi apropriado por um sem-número de lideranças e movimentos políticos na América Latina nos quase 200 anos que nos separam de sua morte. Seus seguidores estão espalhados pelas mais diversas vertentes do espectro ideológico. Até que ponto as apropriações de tal legado são fiéis ao pensamento original do chamado Libertador?
É difícil dizer. A “ideologia bolivariana” tem contornos vagos e imprecisos. Bolívar é possivelmente o personagem histórico mais complexo e de maior influência no imaginário político continental. Seu legado é colossal. Além de liderar guerras de independência e de exercer influência direta em pelo menos cinco dos atuais países da região – Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia –, ele deixou vastíssima obra escrita, constituída de artigos, cartas e discursos.

O historiador venezuelano Germán Carrera Damas escreveu um livro fundamental para entender não apenas o personagem histórico, mas o Bolívar simbólico, que segue existindo. O título é preciso: El culto a Bolívar (O culto a Bolívar). Carrera Damas destaca que a admiração despertada por Bolívar em seu tempo e após sua morte não é fruto apenas de laboriosa pregação. Os feitos que liderou repercutiram concretamente na vida de milhões de pessoas. Não sem razão, Bolívar tornou-se objeto de culto, realizado, ao longo dos anos, com os mais diversos propósitos políticos.

Através de variadas interpretações, a figura do Libertador foi reivindicada por todas as classes sociais venezuelanas, como uma espécie de fator de unidade nacional ou até como símbolo da manutenção de determinada ordem. Assim, existe um bolivarianismo conservador, traduzido na profusão das estátuas eqüestres disseminadas nas praças de praticamente todos os municípios venezuelanos, bem como na sacralização estática de lugares e feitos do Pai da Pátria. Esta vertente tenta esvaziar a figura de Bolívar de seu conteúdo transformador e anticolonialista, destinando-a à veneração estéril.

E há um bolivarianismo de esquerda, que busca nas lutas contra o domínio espanhol a inspiração para ações tidas como antiimperialistas. As duas visões envolvem um sem-número de nuances. O ideário bolivariano sempre foi elástico e flexível o bastante para permitir leituras de um lado e de outro.

O culto a Bolívar não é uma criação ficcional, fruto de um patriotismo exacerbado em alguns países. É mais do que isso. Ele constitui uma necessidade histórica e um recurso destinado a compensar o desalento causado pela frustração de uma emancipação nacional que não se completaria. Bolívar seria o elo histórico com um ideal de soberania, liberdade e justiça. Daí sua força, tanto política quanto como objeto de veneração quase religiosa.

Artigo retirado de:
http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/o_bolivar_simbolico.html

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Paquistão bloqueia acesso ao Facebook por caricaturas de Maomé

A Justiça do Paquistão decidiu bloquear o Facebook no país por prazo indeterminado. O motivo da proibição foi uma página na rede de relacionamentos que encoraja as pessoas a postar caricaturas do profeta Maomé.

A Autoridade de Telecomunicações do Paquistão, que regula o acesso à internet no país, pediu aos provedores, seguindo uma ordem judicial, para bloquearem o site até novo aviso.

Intitulada Dia que Todos Desenham Mohammad – 20 de Maio, a página conta com mais de 200 ilustraçõs consideradas blasfêmia, já que os muçulmanos condenam a representação do profeta por meio de imagens.

Segundo os criadores publicaram no endereço, o objetivo da página é discutir a brutalidade dos aspectos radicais do islamismo. “Por favor, enviem suas dúvidas ou ameaças de morte para nós”, brincam eles. 5.500 pessoas já participam do grupo.

No mês passado, a série de TV South Park despertou protestos da comunidade muçulmana nos Estados Unidos após exibir Maomé decapitado em um de seus episódios.

Esta não é a primeira vez que o governo paquistanês censura a rede. Sites que incentivam outras práticas religiosas são proibidos. Por outro lado, o acesso a material pornográfico não sofre restrições no país.

Representações do profeta Maomé são consideradas blasfêmias e anti-islâmico.

Notícia retirada de: http://info.abril.com.br/noticias/internet/paquistao-proibe-facebook-19052010-34.shl

domingo, 16 de maio de 2010

Estados Unidos: das Treze Colônias à independência

A ocupação efetiva da América do Norte iniciou-se no século XVII, devido à reforma protestante que agitava as questões políticas, religiosas e sociais da Europa. Insatisfeitos com o desenrolar dos fatos, alguns grupos protestantes passaram a buscar outra região para morar e exercer sua religiosidade livremente.

A colônia inglesa na América do Norte oferecia nova condição a estes grupos. No século XVII a Inglaterra quase não deu atenção às Trezes Colônias e quase não interferiu em sua administração. Desta forma, as Treze colônias formavam dois blocos distintos: no Sul, a organização tinha como base uma forte dependência da metrópole, latifúndios, mão-de-obra escravista e produção voltada a exportação aos ingleses. No Norte, as propriedades eram menores, a mão-de-obra assalariada e a economia voltava-se para o consumo interno.

Territórios das Treze Colônias: colônias, mas com Norte e Sul tendo desenvolvimento diferente

Ao longo do século XVIII, as colônias do Norte e a metrópole passaram a entrar em constante atrito. Os colonos desta região disputavam a venda de produtos diversos, as pilhagens e o comércio de escravos com os comerciantes ingleses. O chamado comércio triangular dava sustentação as colônias do Norte, pois o melaço (açúcar) era comprado das ilhas caribenhas (América Central), transformado em rum (bebida) e a mercadoria era vendida na África, de onde traziam os escravos, que seriam revendidos aos proprietários das colônias do Sul.

As Treze Colônias ficavam ao Leste do continente norte-americano, entre o Oceano Atlântico e os montes Apalaches. A região dos montes Apalaches até o Rio Mississipi pertencia aos franceses, mas eram habitadas, também, por tribos indígenas que praticavam, principalmente, o comércio de peles. Porém, a situação muda com a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), que envolvia Inglaterra e França em uma grande disputa de terras na Ásia, África e América do Norte. As Treze Colônias também tinham interesse em adquirir os territórios franceses e, por isso, colonos ingleses e soldados britânicos lutaram juntos contra os colonos franceses, que contavam com o apoio de algumas tribos indígenas, temerosas de perder suas terras para os ingleses.

Com a rendição da França, em 1763, a região entre os Apalaches e o Mississipi e parte do atual Canadá passam a ser da Inglaterra. Porém, os gastos de uma guerra não são poucos – mesmo para os vencedores – e não seria a Inglaterra que os pagaria... Após a Guerra dos Sete Anos, os ingleses criam uma série de leis prejudiciais as Treze Colônias: Lei do Açúcar (1764), a Lei do Selo (1765) e a Lei do Chá (1773).

Os colonos ingleses na América não se conformaram com tanta opressão e se revoltaram contra tantos impostos. Em 1773, colonos atiraram a carga de chá de três navios vindos da Inglaterra e que estavam aportados em Boston. O governo inglês não deixou barato, publicando no ano de 1774 as Leis Intoleráveis, que decretavam o fechamento do porto de Boston, a ocupação de Massachusetts (colônia onde ficava a cidade de Boston) e o julgamento dos culpados pelo prejuízo.

Segundo Congresso da Filadélfia: busca pela liberdade. Mas cadê as mulheres e os negros?

Representantes das colônias se reuniram no Primeiro Congresso da Filadélfia e relataram seu protesto ao rei inglês. Porém, sem uma resposta amigável, os colonos se reuniram no Segundo Congresso da Filadélfia, em que chamaram sua população para um conflito armado contra a Inglaterra. Utilizando ideais iluministas (direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade), em 4 de Julho de 1776, os colonos estabeleceram sua Declaração de Independência. Mas, como era de se esperar, o governo inglês não abriria mão nas Treze Colônias, o que causou uma guerra.

Conflito com a metropole para conseguir a liberdade


Ajudados pelos franceses, que tinham interesses nos territórios da parte central do continente norte-americano, os colonos venceram a guerra. Em 1783, a Inglaterra assinou o Tratado de Versalhes, que reconhecia a independência das Treze Colônias e o surgimento de um novo país: os Estados Unidos da América.


A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América é um marco na história da sociedade ocidental. Ela representa a afirmação no campo político dos ideais iluministas. Essa declaração antecede em mais de uma década a Revolução Francesa e a sua famosa Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão.

sábado, 15 de maio de 2010

Pré-história da América: primeiros habitantes e ocupação humana no Brasil

Tradicionalmente, os estudos sobre a pré-história e, em especial, a pré-história da América são complicados e polêmicos. O fato de estudarem sociedades que desapareceram há milhares de anos e que deixaram poucos registros, sobretudo por não conhecerem a escrita, é um primeiro complicador. Além disso, o pesquisador trabalha com fósseis, esqueletos, pedras manuseadas, pedaços de madeiras queimadas e outros objetos pouco comuns que exigem técnicas e procedimentos diferentes (escavações, prospecções, datação pelo carbono radioativo) para sua compreensão e análise.

Todas essas dificuldades e polêmicas são reproduzidas nos estudos relacionados ao povoamento do continente. Existe uma série de estudos sobre como os primeiros seres humanos chegaram ao que muito mais tarde seria chamado de América. A maioria dos pesquisadores admite que o homem veio da Ásia para a América através do Estreito de Bering. Esse caminho terrestre surgiu no período glacial, quando o congelamento da água expôs o fundo do oceano nos trechos mais rasos e criou "pontes" de gelo; como a última glaciação terminou há 12 mil anos os pesquisadores acreditam que os primeiros americanos teriam chegado por essa época.

Os grupos que povoaram a América, dependendo de seus locais de morada ao longo do continente, apresentavam modos de vida diferentes. Os pesquisadores dividem em quatro modelos básicos:
1) Caça e coleta generalizada: leva este nome por se alimentarem de animais e plantas de tamanhos diversos.
2) Caça especializada: caçavam, especialmente, grandes animais, como os mamutes, por exemplo.
3) Exploração de recursos aquáticos: vivam a base da pesca e coleta de moluscos. Deu origem a cultura sambaqui.
4) Modo de vida ártico: viviam nas regiões frias, ao Norte do continente. Caçavam animais como urso-polares, focas e leões-marinhos. Os esquimós são seus descendentes.

A Pré-história do Brasil
A velha história dos índios não civilizados que habitavam nosso território quando os portugueses aqui chegaram está dando lugar a outra sobre importantes civilizações. Pesquisas recentes mostram que o país tem um passado bem mais rico do que se pensava. Em vários sítios arqueológicos são estudados vestígios de antigos povos que remontam um cenário incrível. De norte a sul, nossas terras abrigavam grupos organizados em classes e que ocupavam espaços planejados. Veja o mapa:

Pesquisas arqueológicas feitas na Amazônia descrevem o auge de sociedades formadas por indígenas de diversas etnias que se tornaram auto-suficientes e criaram pólos de agricultura e cerâmica entre 1000 e 2000 atrás. Hoje também se sabe mais sobre os sambaquis, comuns no litoral. Muito além de amontoados de conchas e restos mortais como são descritos, esses monumentos eram edificados para servir de moradia. No sambaqui Jabuticabeira 2, de Jaguaruna, a 157 quilômetros de Florianópolis, existem 40 mil corpos.

Acredita-se que diferentes partes da região, de Rondônia ao Pará, incluindo o baixo rio Negro, próximo a Manaus, já eram ocupadas 9 mil anos atrás. Esses povos sobreviviam da pesca, da coleta e da caça. É possível que o processo de domesticação de inúmeras plantas hoje consumidas, como mandioca e pupunha, tenha sido iniciado pelos primeiros índios da região.

Na Amazonia, arquelogos e moradores interagem trocando informações sobre as cerâmicas encontradas

Nesse mesmo sentido, estudos na área de Paleontologia revelam que há 10 mil anos habitavam áreas de todo o país animais de grande porte, como a preguiça-gigante. Diferentemente das preguiças atuais, comuns na Amazônia, as gigantes dificilmente subiam em árvores, já que tinham de 3 a 6 metros de comprimento e chegavam a pesar 5 toneladas. O aquecimento geológico ocorrido há 10 mil anos foi fatal para os gigantes e fez com que apenas os menores se salvassem, refugiando-se nas florestas tropicais.

Arqueologia amazônica: preguiça-gigante

Essas mudanças no cenário e nas formas de ocupação das terras do país nos mostram nossa história é bem anterior à chegada e ocupação européia, para quem as civilizações surgiram apenas depois da escrita. Nos mostra também, a importância de preservarmos a História para que possamos buscar a compreensão do passado do local que vivemos, assim como do nosso próprio passado.

Fontes de pesquisa:
http://revistaescola.abril.uol.com.br/ensino-medio/era-vez-america-427361.shtml#

domingo, 9 de maio de 2010

"Liberdade é obediência às leis que a pessoa estabeleceu para si própria" (Rousseau)

No último dia 03 de Maio comemorou-se o dia da imprensa livre. A data foi escolhida pela UNESCO, braço da ONU que cuida das questões relacionadas a ciência, cultura e educação.

Liberdade de expressão individual e imprensa livre são itens primários para a manutenção de qualquer sistema democrático. Não são raros os casos que foram investigados e denunciados a partir do trabalho dos profissionais ligados aos meios de comunicação (jornais, rádios, emissoras de TV e, mais recentemente, sites da Internet).

Hoje, mesmo que com algumas ressalvas, a imprensa livre e a liberdade de expressão individual, existem em quase todas as sociedades democráticas. Casos recentes, como a censura a emissoras de televisão na Venezuela, bloqueios do governo da China a determinadas formas de busca em sites da Internet, a censura ao jornal O Estado de São Paulo, pela influência da família Sarney ou a censura ao quadro "Proteste Já" do CQC, nos mostram como, ainda hoje, se faz necessária a busca pela liberdade de expressão.
"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las"
Depois de séculos de governos absolutistas, os pensadores europeus do século XVIII surgem com um resgate das reflexões da Antiguidade e, aprimorando-as para a realidade de sua época, lançam o modelo que formata as sociedades ocidentais da modernidade: a liberdade. Se tal liberdade é plena ou não, é motivo para outra conversa. O que se propõe aqui é, analisar a mudança no pensamento que tais propostas trazem a partir de então.

A frase de Voltaire, filósofo iluminista, serve para ilustrar a busca pelo Estado de direitos. A democracia é fundamentada no princípio do livre pensamento e expressão que, muito provavelmente, não encontrará apenas pessoas favoráveis. E está aí a "graça" desde sistema. Você não tem a obrigação de concordar com a minha ideia, assim como eu não tenho a obrigação de concordar com a sua. Porém, existe a possibilidade de debatermos sobre nossas ideias e, desta forma, buscar ,juntos, os meios que levarão a melhora da nossa sociedade.
Voltaire

As Treze Colônias (EUA) e a França utilizam os princípios iluministas como pilares de sustentação para suas declarações de direitos. Estava lançada a semente... Cabia a cada país semeá-la. Cada qual, a fez de uma forma, mas a base passou a ser o Estado de direitos, com a Constituição delimitando direitos e deveres dos cidadãos.

O caso brasileiro
Entre as idas e vindas da democracia brasileira, sempre a volta de golpes e ditaduras, sofremos durante muito tempo com as amarras da censura. Durante o governo de Getúlio Vargas (1930-45), já durante o Estado Novo, é criado o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Sua função nada mais era do que a de controlar, perseguir e reprimir qualquer movimento contrário ao governo. Tal departamento foi amplamente utilizado durante a Ditadura Militar (1964-85), para torturar e censurar políticos, jornalistas, artistas e cidadãos comuns.

"Liberdade é disciplina..."
Censura, portanto, é o ato de controlar e impedir as liberdades. Mas para que a liberdade não se transforme em libertinagem, desde a Constituição de 1988, a lei brasileira permite liberdade de expressão, com as seguintes limitações: a vedação do anonimato, o direito de resposta, a indenização por danos materiais e morais, bem como os direitos à honra e à privacidade.

Portanto, a liberdade deve ser tratada com seriedade. Temos direitos e deveres, e os mesmos têm limitações quando atingem ao próximo.

Princípios da Democracia

Liberdade de expressão no Brasil

Em defesa da democracia

Censura: confronto em campo aberto

O lado bom da liberdade na Internet

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Museu croata recria visões, sons e odores da Idade da Pedra

A imagem acima parece real, não é? Isto é um exemplo de como a História e as demais ciências podem nos surpreender. Nada como utilizar as técnicas mais modernas para tentar recriar os ambientes mais antigos. Este é um boneco de cera encontrado no Museu Neardental, aberto em Fevereiro de 2010, em Krapina, pequena cidade da Croácia.
Mapa focado na divisão entre Europa, Ásia e África, com destaque para a cidade de Krapina, na Croácia. A segunda imagem mostra a caverna de Vindija, na mesma cidade, que foi ocupada pelos neandertais há aproximadamente 30.000 anos

Os primeiros achados arqueológicos (ossadas, ferramentas, armas) na região de Krapina datam do final do século XIX. Hoje, essa região é um dos maiores centros de estudos sobre os neandertais - que leva esse nome devido a outra região importante sobre este gênero de homo: a região de Neandertal, na Alemanha. Muita coisa se descobriu nestes mais de 100 anos de escavações e achados.

Mapa mundi com marcação (em verde) na área em que foram encontradas as maiores informações sobre os hominídeos neandertais
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O museu e seus personagens
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Imagine que toda a história do nosso Planeta, desde os primeiros primatas até a era dos computadores tivesse apenas 24 horas para ocorrer. Para se ter uma ideia de como a existência da nossa espécie neste mundo é breve, os primeiros hominídeos teriam surgido apenas às 23h52min. Ou seja, sobrariam apenas 8 minutos para a evolução do gênero homo e a chegada até a atualidade. A ideia do Museu Neardental é que percebamos como este processo aconteceu e o tempo que ele demorou.

Linha do tempo: a existência humana dos primatas ao homem moderno em apenas 24 horas

A forma com que os objetos são retratados no Museu Neardental, feitos a partir dos vestígios encontrados, parecem dar vida aos próprios bonecos e a Pré-História. Temos a impressão de que estamos frente aos homens que viviam nas cavernas e que praticavam a caça e coleta a partir das armas de pedra, madeira e ossos que eles mesmos faziam.

A cena central do museu - uma grande família neandertal reunida em volta de uma fogueira em uma caverna - impressiona especialmente devido aos odores fortes de suor e carne queimada que a acompanham, além de sons que visam reproduzir os sons típicos da Idade da Pedra.


Os avanços dos estudos sobre o tema

Quando ocorreram as primeiras descobertas sobre os neandertais, os pesquisadores acreditavam que eles eram muito mais próximos dos primatas do que da nossa espécie. Com o tempo, melhoria de técnicas, equipamentos e mais descobertas, a visão sobre este gênero mudou radicalmente.

"Hoje vemos os neandertais como humanos. Eles tinham emoções, eles ajudavam os fracos e doentes, temos indicativos de que faziam rituais de sepultamento e determinamos que eles possuíam o gene da fala, como nós. Mesmo que não tenham sido nossos antepassados diretos, foram parentes muito próximos de nossos ancestrais, o que faz deles nossos ancestrais", disse o paleoantropólogo Jackov Radovic.
Criança neandertal: reprodução em cera

Ele explicou que os cientistas ainda estão intrigados e divididos em relação ao período de vários milhares de anos durante o qual os neandertais conviveram lado a lado com os humanos modernos, até sua extinção final.

"Acredito - e existem algumas provas científicas nesse sentido - que eles se miscigenaram aos humanos, que houve troca de material genético. Algumas descobertas recentes em Portugal também provam que o contato entre as duas populações foi possível", disse ele.

Parte deste texto foi reproduzido a partir de:
http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/reuters/2010/03/01/museu-croata-recria-visoes-sons-e-odores-da-idade-da-pedra.jhtm

Outra matéria interessante sobre o tema:

1ª Feira de Artesanato Árabe - de 5 à 30/05 - Shopping Quintino

Desde a última quarta-feira (dia 05) até o dia 30 de Maio ocorre no Shopping Quintino aFeira de Artesanato Árabe.

É uma oportunidade de conhecer, na prática, a cultura árabe, que estudamos em sala. Tapetes, tecidos, roupas, utensílios, entre outros produtos da cultura árabe se encontram à venda.

Shopping Quintino
R. Quintino Bocaiúva, No. 812

Mais informações pelo fone: (43) 3322-0404.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Mundo que vivemos x Mundo que queremos: façamos nossa parte!

Semanas atrás, preparei uma aula para a disciplina de Atualidades, para a turma da 7ª série da Escola Villasboas, a partir de dois quadros do programa CQC – Custe o Que Custar, da Rede Bandeirantes. A ideia base da aula era relacionar o “Mundo que vivemos x Mundo que queremos”.
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O primeiro vídeo mostrado aos alunos foi retirado do quadro “Teste de honestidade”, em que o repórter Danilo Gentili deixava cair, propositalmente, uma nota de R$ 50,00 para medir a reação da pessoa que pegava a nota. Infelizmente, muitos, mesmo vendo quem havia deixado cair a cédula no chão, não devolveram o dinheiro até que o repórter fosse entrevistá-los.
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Depois de um debate sobre o primeiro vídeo, passamos para o seguinte, que foi retirado do quadro “Cidadão em ação”. A produção do CQC testou a reação de funcionários e donos de estacionamentos privados ao ver motoristas, supostamente bêbados, mas que tentavam retirar seus carros como se nada tivesse acontecendo. Em outra parte da matéria, um motorista de van escolar passava um tempo em um bar e, aparentando embriaguez (novamente simulada), voltava a van para continuar – sem condição alguma – seu trabalho: entregar as duas últimas crianças às suas famílias. Neste caso, os cidadãos entraram em ação e tomaram as chaves do indivíduo, não o deixando dirigir e chamaram a polícia.
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Quando me deparei com as matérias “Questão de honestidade” e “Crime de apropriação de coisa achada” (Folha de Londrina, 01 de Maio de 2010), logo me vieram à mente dois casos: dos debates com a turma da 7ª série na aula “Mundo que vivemos x Mundo que queremos” e um caso ocorrido em uma sala de uma 5ª série da escola Barão do Rio Branco.
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É interessante notar que, em ambos os casos (matérias do CQC e da Folha de Londrina), o cidadão que de alguma forma não cumpre seu papel, acaba por cometer crimes que parecem tolos, mas que influenciam amplamente no processo de desenvolvimento, ou atraso, da nossa sociedade. Não adianta cobrar a classe política, se não fizermos nossa parte!
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Segue abaixo a reprodução (clique sobre as imagens para ampliá-las) das matérias veiculadas na Folha de Londrina e dos quadros do programa CQC.
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“Questão de honestidade” – Folha de Londrina, 01 de Maio de 2010:

“Crime de apropriação de coisa achada” – Folha de Londrina, 01 de Maio de 2010:

Teste de honestidade” – quadro do programa CQC:


“Cidadão em ação” – quadro do programa CQC:


Se você gostou, comente!
Abraços,
Professor Samuka.