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segunda-feira, 7 de junho de 2010

A vinda da família real para o Brasil (parte I)

O bloqueio continental, imposto por Napoleão Bonaparte à Europa, fez a corte portuguesa mudar-se ao Brasil no início do século XIX.

Dependente do comércio britânico, Portugal se viu num enorme impasse: atender à França significava perder sua principal colônia na época, o Brasil, pois a marinha inglesa dominava os mares e poderia invadi-lo. Não atender às exigências napoleônicas significava ter seu próprio território invadido pelas tropas francesas.

Portugal mudou-se
Sabiamente, o príncipe regente dom João - que governava no lugar da mãe, dona Maria Iª, que enlouquecera - decidiu ficar do lado dos ingleses e a solução encontrada para não se submeter a Napoleão foi transferir a Corte portuguesa para o Brasil. Embora o território português fosse invadido, o Reino de Portugal sobreviveu do outro lado do Atlântico.

Entre 25 e 27 de novembro de 1807, cerca de 10 a 15 mil pessoas embarcaram em 14 navios: a família real, a nobreza e o alto funcionalismo civil e militar da Corte. Traziam consigo todas as suas riquezas. Os soldados franceses, quando chegaram a Lisboa, encontraram um reino pobre e abandonado.

sábado, 5 de junho de 2010

5ª série - Pinturas rupestres - Exemplos para o trabalho de História

Serra do Cabral - Minas Gerais (Brasil)


Parque da Serra da Capivara - Piauí (Brasil)


Parque da Serra da Capivara - Piauí (Brasil)


Parque da Serra da Capivara - Piauí (Brasil)

Caverna de Lascaux (França)


Caverna de Lascaux (França)

Caverna de Lascaux (França)

Castellon (Espanha)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cruzada: Igreja promove expedições militares para conquistar Jerusalém

Fernanda Machado*

Entender o que foram as Cruzadas não é difícil se partirmos inicialmente do entendimento de seu próprio nome. Seu nome deriva da palavra "cruz", que indica o martírio de Jesus Cristo, carregando-a e sendo nela pregado, até morrer de maneira lenta e dolorosa. Durante a Idade Média, a Igreja transformou a cruz no símbolo do cristianismo. Assim, as Cruzadas foram expedições organizadas pela Igreja para levar o cristianismo para outros povos, que não seguiam essa religião.

No entanto, para impor essa cruz, ou a fé em Cristo, para ou praticantes de outras religiões, não adiantava usar somente a palavra. Para povos que oferecessem resistência, a palavra seria de pouca serventia. Assim, a força armada era o principal elemento dessas expedições, que se denominavam também de "Guerra Santa".

A principal justificativa das Cruzadas foi reconquistar territórios perdidos para os inimigos da fé católica, ao mesmo tempo trazendo novos povos e regiões ao domínio da Igreja. Assim, a primeira Cruzada partiu em 1096 para Jerusalém, no Oriente Médio, região do nascimento de Jesus, considerado lugar sagrado pelos cristãos.

Os dois lados das Cruzadas: o cristão (esquerda) e o muçulmano (direita)

"Infiéis" na Terra Santa
Jerusalém havia sido dominada pelos turcos, que eram praticantes do Islamismo e proibiram a presença cristã na chamada "Terra Santa". Essa primeira Cruzada durou três anos: percorreu grande parte do continente europeu e, atravessando parte do mar Mediterrâneo, chegou a Jerusalém por terra.

Ao longo de mais de 200 anos, entre os séculos 11 e 13, foram realizadas oito Cruzadas. A mais longa durou seis anos e a mais curta, apenas um. No decorrer desse período, as Cruzadas foram desfazendo o isolamento em que a Europa se metera na Alta Idade Média, e reativando cada vez mais o trânsito por mar, chegando, inclusive, a retomar o contato com o continente africano.

Essas expedições em busca de novas terras atraíam milhares de pessoas. Havia um forte elemento religioso que motivava essas pessoas a virarem os "soldados de Deus". Ao atribuir às Cruzadas o caráter de "Guerra Santa" e considerá-las sagradas, a Igreja católica prometia aos seus soldados um lugar no Paraíso, depois de sua morte. Mas, além da justificativa religiosa, o interesse econômico de atacar outros povos, invadir suas cidades e saquear suas riquezas, era certamente algo interessante para os cavaleiros que marchavam nas Cruzadas.

Uma Cruzada paralela
Assim, mais do que empreendimentos exclusivamente espirituais, as Cruzadas foram financiadas tanto pela Igreja, como pelos nobres e por ricos comerciantes, como um negócio ou investimento. Por outro lado, uma legião de miseráveis acabou se juntando à primeira delas, e compôs uma Cruzada paralela, não oficial, que chegou a ser condenada pelo Papa.

Isso ocorreu entre 1096 e 1099. Assim, essa primeira expedição oficial que rumava para Jerusalém, a fim de reconquistar a terra ocupada pelos turcos, foi copiada por uma expedição de pobres e miseráveis, que também queria seu lugar no céu, bem como riquezas na Terra. No entanto, essa "Cruzada paralela", organizada por Pedro, o Eremita, que conseguiu juntar 50 mil fiéis, foi aniquilada ao chegar em Constantinopla.

Já a Cruzada oficial, financiada pela nobreza e comandada por Godofredo de Bouillon, contou com 100 mil homens soldados e terminou com um final feliz para os cruzados: eles conseguiram não só reconquistar Jerusalém, como também a tomar a terra dos turcos.

Diversas representações de cruzados (guerreiros cristãos), um cavaleiro templário e imagem do filme "Cruzada"

Saladino e Ricardo Coração de Leão
Quase 50 anos depois, Jerusalém foi reconquistada pelos turcos e a Igreja teve nova justificativa para empreender uma outra Cruzada. Assim, entre 1147 e 1149, ocorreu a Segunda Cruzada, financiada por nobres franceses e germânicos. No entanto, essa campanha resultou num grande fracasso para os europeus.

Quatro décadas se passaram, quando se resolveu empreender mais uma expedição militar à Terra Santa, que, dessa vez, estava sob o domínio de um sultão árabe, Saladino. Essa Terceira Cruzada, ocorrida entre 1189 e 1192, mais do que ter financiamento dos nobres, teve a presença dos reis de três dos principais reinos daquele período: da França, com Felipe Augusto; da Inglaterra, com Ricardo Coração de Leão, e do reino germânico, com Frederico Barba Ruiva.

Saladino vestido para o combate e em uma reunião com seus seguidores

Apesar disso, a expedição também foi derrotada militarmente. O Barba Ruiva morreu antes de chegar ao campo de combate, ainda que Ricardo Coração de Leão tenha conseguido um acordo com Saladino, o que permitiu aos cristãos pelo menos o direito de rezarem desarmados em Jerusalém.

Venezianos e crianças
As demais Cruzadas não foram expressivas pelo sucesso de sua missão religiosa, mas por outros motivos. Assim, a Quarta Cruzada, realizada entre 1201 e 1204, que foi financiada pelos comerciantes de Veneza, trouxe grandes benefícios a seus organizadores, pois submeteu povos da Grécia e os bizantinos aos tratados comerciais venezianos.

Em 1212, houve uma Cruzada bastante curiosa, não reconhecida pela Igreja católica, organizada por um menino de 12 anos, chamado Estevão de Cloyes. Este garoto conseguiu juntar com ele mais 30 mil jovens, que acreditavam que o Mar Mediterrâneo se abriria para eles chegarem até o Oriente Médio. Muitos comerciantes e proprietários de navios se interessaram por essa Cruzada, prometendo transportar as crianças para a Terra Santa. Na verdade, o que fizeram foi vendê-los como escravos nas cidades pelas quais passavam.

As últimas Cruzadas
Todas as outras Cruzadas foram fracassos militares: tanto a Quinta, organizada entre 1217 e 1221, quanto a Sexta, realizada entre 1228 e 1229. Esta última foi condenada pelo Papa, pois seu líder, Frederico 2º, Imperador do Sacro Império Germânico passou por cima da autoridade papal, fazendo acordos diplomáticos com os egípcios.

Finalmente, com quase 30 anos de distância uma da outra, a Sétima e a Oitava Cruzadas foram realizadas pelo rei francês Luiz 9º. Este rei, tratado com um santo pela Igreja católica, foi feito prisioneiro pelos seus inimigos durante a Sétima Cruzada (que durou 6 anos, entre 1248 a 1254). Na Oitava e última Cruzada, que durou apenas um ano, em 1270, o final da expedição foi ainda pior. A maior parte dos cruzados, inclusive Luiz 9º, acabou morrendo de peste antes de chegar à Terra Santa.

Como pudemos ver, as Cruzadas envolveram interesses e crenças de diversos grupos sociais da Idade Média. Pobres, vagabundos, crianças sem perspectiva; nobres poderosos, influentes reis em busca de expansão de seus poderes; ricos comerciantes dispostos a estabelecerem novas rotas de comércio. Todos essas pessoas, com seus projetos e intenções fizeram parte das expedições religiosas e armadas, idealizadas pela Igreja católica para ampliar o domínio do cristianismo no mundo.

Texto retirado de:
http://educacao.uol.com.br/historia/ult1690u15.jhtm

quarta-feira, 2 de junho de 2010

BARÃO DO RIO BRANCO - 5ª séries - Trabalho (VALOR 1,5 pontos)

ORIENTAÇÕES IMPORTANTES:
Data de entrega:
5ªTB - 16/06/2010 (quarta-feira)
5ªTC - 16/06/2010 (quarta-feira)

Valor deste trabalho: 1,5 pontos

– O trabalho deve ser pode ser feito em DUPLA ou SOZINHO e de forma MANUSCRITA. Trabalhos que contenham as respostas digitadas NÃO serão aceitos.

– Caso existam trabalhos de grupos diferentes, mas com respostas iguais, ambos os grupos receberão nota 0 (zero) para a questão copiada. O mesmo serve para conteúdos copiados da Internet. Lembre-se: o professor também tem acesso a Internet e conhece o Google!

Qualquer dúvida, pergunte ao professor em sala ou através do blog!

BARÃO DO RIO BRANCO - 6ª séries - Roteiro para debate e trabalho sobre as Cruzadas

Qual é a data do debate e da entrega do trabalho escrito?
6ªTC – 18/06/2010 (sexta-feira)
6ªTD – 18/06/2010 (sexta-feira)
6ªTE – 18/06/2010 (sexta-feira)
6ªTF – 22/06/2010 (terça-feira)

Qual grupo eu faço parte e como me preparo para o debate?
GRUPO I – alunos com número impar
GRUPO II – alunos com número par
- Cada aluno deve ler o texto do seu grupo e a partir dele, se preparar para o debate. Você encontra os textos nos seguintes links:
GRUPO I - "Os 2 lados das Cruzadas: A visão cristã":

GRUPO II - "Os 2 lados das Cruzadas: A visão muçulmana": http://professorsamuka.blogspot.com/2010/06/os-2-lados-das-cruzadas-versao.html

- A participação no debate vale 0,3 pontos. Serão avaliados os seguintes itens sobre a participação no debate: 1) Comportamento e organização individual ou do grupo; 2) Caracterização e figurino; 3) Argumentação nos questionamentos ou nas respostas.

Como devo fazer o trabalho escrito?
- A partir do texto preparado pelo professor, do livro didático, do blog do professor e de outras fontes, o aluno deve fazer o trabalho proposto pelo professor, respondendo as questões relacionadas as Cruzadas.
- O trabalho escrito pode ser feito individualmente ou em dupla. Porém, sua dupla deve ser do mesmo grupo que o seu (Grupo I ou Grupo II).
- O trabalho escrito deve ser entregue na mesma data em que acontecer o debate.
- Trabalho escrito individual ou em dupla (VALOR 1,5)
- Serão aceitos somente os trabalhos manuscritos com CANETA AZUL OU PRETA.

Onde encontro as questões do trabalho?
Você pode tirar o xerox das questões na secretária da escola ou através do link abaixo:
http://professorsamuka.blogspot.com/2010/06/barao-do-rio-branco-6-series-trabalho.html

E se eu tiver dúvidas?
Qualquer questionamento pode ser feito ao professor em sala de aula ou através deste blog.

BARÃO DO RIO BRANCO - 6ª séries - Trabalho: Os 2 lados das Cruzadas - Questões para resolução (VALOR 1,5 pontos)

ORIENTAÇÕES IMPORTANTES:

Data do debate e da entrega do trabalho escrito:
6ªTC – 18/06/2010 (sexta-feira)
6ªTD – 18/06/2010 (sexta-feira)
6ªTE – 18/06/2010 (sexta-feira)
6ªTF – 22/06/2010 (terça-feira)

Valor deste trabalho escrito: 1,5 pontos

– O trabalho deve ser feito em DUPLA ou INDIVIDUALMENTE e de forma MANUSCRITA. Trabalhos que contenham as respostas digitadas NÃO serão aceitos.

– Caso existam trabalhos de grupos diferentes, mas com respostas iguais, ambos os grupos receberão nota 0 (zero) para a questão copiada. O mesmo serve para conteúdos copiados da Internet. Lembre-se: o professor também tem acesso a Internet e conhece o Google!

Qualquer dúvida, pergunte ao professor em sala ou através do blog!

Os 2 lados das Cruzadas: A versão cristã

TEXTO I (para os alunos de número ímpar)
"Os 2 lados das Cruzadas - A visão cristã"

Caso você ainda não tenha tirado o xerox na escola, clique nas imagens abaixo para ampliá-las e depois imprima os dois arquivos.



Os 2 lados das Cruzadas: A versão muçulmana

TEXTO II (para os alunos de número par)
"Os 2 lados das Cruzadas - A visão muçulmana"

Caso você ainda não tenha tirado o xerox na escola, clique nas imagens abaixo para ampliá-las e depois imprima os dois arquivos.



segunda-feira, 24 de maio de 2010

"Renascimento" comercial e urbano

por Fernanda Machado

A Idade Média (476 a 1453) costuma ser conhecida como a época em que a economia européia esteve praticamente estagnada. Essa afirmação é feita porque a maior parte da população vivia nos feudos, que eram grandes áreas cercadas e isoladas uma das outras, com uma economia quase auto-suficiente. Desse modo, costuma-se dizer que o comércio de produtos praticamente desapareceu no período medieval.

No entanto, devemos relativizar essa idéia. Durante a Idade Média continuaram a existir profissionais como os artesãos (ferreiros e construtores de máquinas, por exemplo), comerciantes e negociantes. As pessoas não deixaram de adquirir certos equipamentos fundamentais à prática da agricultura (como enxadas e arados), que eram, portanto, fabricados e comercializados. Ainda que essas atividades de comércio tenham sido bastante restritas, numa Europa separada por feudos e ameaçada por guerras entre os povos do continente, isso não significa que elas tenham desaparecido.

Pintura que retrata uma feira comercial medieval

O período de auge do feudalismo foi o que se costuma chamar de Alta Idade Média (séculos V a X). Mas, a partir do século X, as coisas começaram a mudar. Diversos fatores ajudam a explicar por que a agricultura deixara de ser a principal atividade econômica, abrindo espaço para o chamado Renascimento comercial, que, a partir do século XI, inaugurou definitivamente a Baixa Idade Média, que se estenderia até o século XV.

Assim, a Europa vivia em meados do século X uma relativa época de paz, já que os ataques de um reino a outro haviam diminuído bastante. Essa queda no número de conflitos foi responsável por um considerável aumento populacional: em 300 anos a população da Europa cresceu de 8 milhões para 26 milhões de habitantes. Isso gerou um excedente populacional, que começou a necessitar de mais espaço e a expandir-se para além dos feudos.

Anteriormente, havia a população de comerciantes, negociantes e artesãos que, devido à sua prática profissional itinerante, começaram a se fixar no entorno dos feudos, constituindo, assim, as vilas e burgos. Dessa forma, aqueles que moravam nessas localidades eram conhecidos como burgueses e, ao longo dos séculos, essa denominação passou a denominar os comerciantes e os homens ricos.

Com o aumento demográfico na Europa, a população dos burgos foi crescendo também. Isso se dava porque muitos servos acabavam por fugir dos feudos para escapar das imposições da relação servil. Ou ainda, porque aqueles servos que mais causavam problemas aos seus senhores eram expulsos de suas terras, indo engrossar a população das vilas. Assim, essas pequenas localidades começaram a crescer e se tornar importantes concentrações de trabalhadores livres e comerciantes, onde passaram a ser organizadas feiras permanentes, o que resultou no surgimento de inúmeras cidades.

Village Baux (França): vila que nasceu e se desenvolveu aos pés de um castelo medieval

Como anteriormente a maior parte da Europa era constituída por feudos, esse processo foi chamado de "Renascimento urbano", pois as cidades voltaram a se tornar importantes núcleos econômicos. Ao mesmo tempo, isso indicou também a decadência dos vínculos feudais, pois os moradores da cidade passaram a negociar com os senhores o fim do pagamento de tributos e serviços, através da compra da chamada carta de franquia.

O aumento da liberdade política e econômica foi propiciando o aprimoramento do trabalho urbano. Os artesãos, que faziam os produtos consumidos pelos europeus, passaram a ser organizar em entidades para além de suas cidades. Para isso, formaram as guildas e as corporações de ofícios, que eram associações de trabalhadores de determinados profissões. Por exemplo, uma corporação de sapateiros ditava as normas de fabricação de seus produtos e as formas de sua comercialização, a fim de proteger esses profissionais no mercado e propiciar seu lucro.

Imagem simbolizando artesãos medievais realizando seu trabalho

Ainda que tenha favorecido principalmente o comércio, essa expansão espacial pelo continente europeu foi estimulada até pelos nobres feudais. Os donos dos feudos viam seus campos serem esgotados pela exploração contínua e tinham interesse em expandir suas riquezas territoriais. Assim, incentivavam a ocupação de outras áreas por seus servos, que através de outras formas de cultivo (como a utilização rotativa do solo) e do uso de um tipo de arado mais resistente, conseguiram expandir também a produção agrícola, num processo chamado de "Renascimento agrícola".

"Renascimento agrícola": melhorias no campo

Houve, por sua vez, um outro fator que caminhou paralelamente a esse novo comércio europeu e foi, ao mesmo tempo, o que contribui para que ele se expandisse mais: as Cruzadas. A Igreja católica, aproveitando-se da legião de homens desocupados nos centros urbanos, começou a realizar expedições para além dos limites continentais, dando um outro sentido para a economia medieval.

Cruzadas: conflito além dos motivos religiosos

Com a justificativa de conquistar povos para a fé cristã e ao mesmo tempo reconquistar territórios de outros povos, nasceram as Cruzadas, expedições militares e religiosas que foram praticadas durante quase 200 anos, entre os séculos XI e XIII. Foram realizadas oito dessas expedições nesse período, que atravessaram o continente europeu, cruzaram mares e chegaram a outros continentes. Isso fez com as rotas comerciais acompanhassem esse traçado aberto pela cruz e pela espada.

Artigo retirado de:
http://educacao.uol.com.br/historia/ult1690u19.jhtm

Simón Bolívar - O Bolívar simbólico

por Gilberto Maringoni

O presidente venezuelano Hugo Chávez não se cansa de repetir: o ideário que move seu governo é o legado político e histórico de Simón Bolívar (1783-1830). O próprio nome do país foi alterado há alguns anos para República Bolivariana da Venezuela.

Chávez não é o único a reivindicar o personagem. O nome de Bolívar foi apropriado por um sem-número de lideranças e movimentos políticos na América Latina nos quase 200 anos que nos separam de sua morte. Seus seguidores estão espalhados pelas mais diversas vertentes do espectro ideológico. Até que ponto as apropriações de tal legado são fiéis ao pensamento original do chamado Libertador?
É difícil dizer. A “ideologia bolivariana” tem contornos vagos e imprecisos. Bolívar é possivelmente o personagem histórico mais complexo e de maior influência no imaginário político continental. Seu legado é colossal. Além de liderar guerras de independência e de exercer influência direta em pelo menos cinco dos atuais países da região – Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia –, ele deixou vastíssima obra escrita, constituída de artigos, cartas e discursos.

O historiador venezuelano Germán Carrera Damas escreveu um livro fundamental para entender não apenas o personagem histórico, mas o Bolívar simbólico, que segue existindo. O título é preciso: El culto a Bolívar (O culto a Bolívar). Carrera Damas destaca que a admiração despertada por Bolívar em seu tempo e após sua morte não é fruto apenas de laboriosa pregação. Os feitos que liderou repercutiram concretamente na vida de milhões de pessoas. Não sem razão, Bolívar tornou-se objeto de culto, realizado, ao longo dos anos, com os mais diversos propósitos políticos.

Através de variadas interpretações, a figura do Libertador foi reivindicada por todas as classes sociais venezuelanas, como uma espécie de fator de unidade nacional ou até como símbolo da manutenção de determinada ordem. Assim, existe um bolivarianismo conservador, traduzido na profusão das estátuas eqüestres disseminadas nas praças de praticamente todos os municípios venezuelanos, bem como na sacralização estática de lugares e feitos do Pai da Pátria. Esta vertente tenta esvaziar a figura de Bolívar de seu conteúdo transformador e anticolonialista, destinando-a à veneração estéril.

E há um bolivarianismo de esquerda, que busca nas lutas contra o domínio espanhol a inspiração para ações tidas como antiimperialistas. As duas visões envolvem um sem-número de nuances. O ideário bolivariano sempre foi elástico e flexível o bastante para permitir leituras de um lado e de outro.

O culto a Bolívar não é uma criação ficcional, fruto de um patriotismo exacerbado em alguns países. É mais do que isso. Ele constitui uma necessidade histórica e um recurso destinado a compensar o desalento causado pela frustração de uma emancipação nacional que não se completaria. Bolívar seria o elo histórico com um ideal de soberania, liberdade e justiça. Daí sua força, tanto política quanto como objeto de veneração quase religiosa.

Artigo retirado de:
http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/o_bolivar_simbolico.html