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O processo de formação das monarquias nacionais europeias remonta uma série de mudanças que se iniciaram durante a Baixa Idade Média. De fato, o processo de consolidação das monarquias foi um dos mais evidentes sinais das transformações que assinalavam a crise do sistema feudal e a construção do sistema capitalista, legitimado pela nascente classe burguesa. No entanto, mesmo a surgir nesse contexto de mudança, as monarquias não simbolizavam necessariamente a crise do poder nobiliárquico.
Nesse sentido, a constituição das monarquias pode ser compreendida enquanto um processo que conseguiu atender simultaneamente os interesses dos nobres e dos burgueses. Por um lado, a formação das monarquias conseguiu conter as diversas revoltas camponesas que marcaram os finais da Idade Média com a reafirmação da propriedade feudal. Por outro, essas mesmas monarquias implantaram um processo de padronização fiscal e monetário que atendia a demanda econômica da classe burguesa.
Grande parte dos impostos arrecadados era utilizada para organizar os exércitos responsáveis pela contensão dos conflitos internos e a defesa dos interesses políticos da nação contra os demais estados estrangeiros. Nesse sentido, percebemos que a Europa moderna foi marcada por intensos conflitos aonde o controle por territórios instalou sucessivos episódios de guerra. A partir dessa nova demanda, exércitos permanentes foram formados sem a intervenção personalista da classe nobre.
No campo econômico as atividades comerciais tinham papel fundamental no enriquecimento e consolidação da autoridade real. Por isso, diversos reis ficaram preocupados em adotar medidas que protegessem a economia contra a entrada de produtos estrangeiros (protecionismo) e conquistar áreas de exploração colonial, principalmente, no continente americano. Dessa forma, podemos ver que o Estado Absolutista teve grande papel no desenvolvimento da economia mercantil.
O rei, sendo a expressão máxima desse tipo de governo, contou não só com auxílio dos grupos sociais burgueses e nobiliárquicos. Tendo a Europa preservado uma forte religiosidade, foi de fundamental importância que a Igreja reafirmasse a consolidação dessa nova autoridade por meio de justificativas ligadas à vigente fé cristã. Nesse sentido, o rei era muitas vezes representado e idealizado como um representante dos anseios divinos para com a Nação.
Sendo esse um processo histórico que permeou toda a Europa Ocidental, a ascensão das autoridades monárquicas foi claramente observada entre os séculos XII e XV. Entre os principais representantes dessa nova experiência política podemos destacar a formação das monarquias em Portugal, na Espanha, na Inglaterra e na França. O auge desse tipo de governo foi vivido entre os séculos XVI e XVII.
INGLATERRA E FRANÇA
No reinado de João sem terra, os ingleses foram derrotados pelos franceses, em 1214. Até então, grande parte do território que hoje pertence à França esteve sob domínio inglês. A derrota deste monarca significou não só a perda territorial, mas também de poder político, pois foi forçado a aceitar a Magna Carta (1215) documento imposto pelos barões ingleses, obrigando o rei a reconhecer os direitos de seus súditos. Muitos consideram esse documento como precursor das liberdades individuais na Inglaterra e da própria formação do Parlamento.
A derrota de João sem Terra, representou por sua vez um momento importante na história francesa: a vitória de Felipe II - Augusto -. Essa vitória foi de grande importância para o início concreto da centralização política e para o início da formação de uma nação.
Fortalecido, o rei pode impor seu poder a um número maior de nobres, aumentando consideravelmente seus domínios, porém ainda longe de consolidar a nação. A França ainda enfrentará outras guerras até a consolidação concreta do poder, com o absolutismo surgindo apenas no início do século XVII.
GUERRA DOS CEM ANOS
Os efeitos da guerra foram consideráveis, notadamente para a França. A Guerra dos Cem Anos ajudou a estabelecer uma ideia de nação, acabou com todas as pretensões inglesas sobre territórios franceses e tornou possível a criação de algumas instituições de governo centralizadas, que prenunciavam o aparecimento da monarquia absolutista.
No caso da Inglaterra, a derrota levou à reação de um setor da nobreza contra a monarquia, visando basicamente recuperar as perdas territoriais na França. Essa reação foi a principal responsável pela eclosão da maior guerra civil inglesa, a Guerra das Duas Rosas.
Guerra dos Cem Anos: conflito colaborou para a formação de uma identidade nacional francesa
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